Archives

  • 2018-07
  • 2018-10
  • 2018-11
  • 2019-04
  • 2019-05
  • 2019-06
  • 2019-07
  • 2019-08
  • 2019-09
  • 2019-10
  • 2019-11
  • 2019-12
  • 2020-01
  • 2020-02
  • 2020-03
  • 2020-04
  • 2020-05
  • 2020-06
  • 2020-07
  • 2020-08
  • 2020-09
  • 2020-10
  • 2020-11
  • 2020-12
  • 2021-01
  • 2021-02
  • 2021-03
  • 2021-04
  • 2021-05
  • 2021-06
  • 2021-07
  • 2021-08
  • 2021-09
  • 2021-10
  • 2021-11
  • 2021-12
  • 2022-01
  • 2022-02
  • 2022-03
  • 2022-04
  • 2022-05
  • 2022-06
  • 2022-07
  • 2022-08
  • 2022-09
  • 2022-10
  • 2022-11
  • 2022-12
  • 2023-01
  • 2023-02
  • 2023-03
  • 2023-04
  • 2023-05
  • 2023-06
  • 2023-08
  • 2023-09
  • 2023-10
  • 2023-11
  • 2023-12
  • 2024-01
  • 2024-02
  • 2024-03
  • 2024-04
  • 2024-05
  • Express o territorial desta expans

    2019-04-19

    Expressão territorial desta expansão, no início dos anos 1990 as concessões mineiras ocupavam 2.3 milhões de hectares, enquanto na atualidade, beiram 25 milhões. A atividade deixou de se concentrar nas alturas andinas expandindo‐se para os vales, order BYL-719 costa e inclusive a Amazônia. Há departamentos onde as concessões mineiras se aproximam ou superam a metade do território, como Arequipa, Ancash, Lima, La Libertad, Moquegua, Huancavelica e Tacna. Atualmente, o Peru é o maior produtor latino‐americano e está entre os cinco produtores mundiais de prata (1°), ouro (6°), zinco (2°), estanho (3°), chumbo (4°) e cobre (2°). Também concentrava 40% das reservas auríferas do mundo em 2008. Após vinte anos de expansão, a dependência do país em relação a este setor da economia se acentuou. Calcula‐se que 22% da arrecadação interna entre 2007 e 2010 derivou da mineração, e que cerca de 6% do pib e 60% das exportações derivam destas atividades na atualidade. No entanto, em função das características do marco regulatório do setor, frustrou‐se todo aumento substantivo na captação de tributos internos, pois estão eximidas por exemplo, as chamadas “sobreganancias”. Há order BYL-719 quem remeta o paradoxo de governantes impopulares em contexto de crescimento econômico no Peru às limitadas possibilidades do Estado de converter esta riqueza em programas sociais, em contraste com outros países da região. Esta limitação aguça‐se uma vez que, do ponto de vista das relações de trabalho, a mineração contemporânea configura‐se como uma atividade que exige altos investimentos de capital, mas que emprega relativamente pouca força de trabalho. Assim, o outro lado da política de desregulamentação mercantil e atração do investimento estrangeiro que favoreceu a mineração em detrimento de setores associados à produção nacional, foi o crescimento do desemprego e da economia informal potenciando a chamada “economia delitiva”, gravitando em torno da pirataria, do contrabando e do narcotráfico. O Peru é hoje um dos principais exportadores de cocaína do continente. Ao mesmo tempo, constata‐se um aumento dos problemas de segurança relacionados à delinquência comum, nos marcos de uma degradação do tecido social do país. No plano sociológico, Durand observa que a cortex mescla entre informalidade e delinquência se enraizou de tal modo na sociabilidade peruana contemporânea, que termina “formando parte integral de la matriz institucional del país”. Outra face ainda do crescimento minerador é um aumento significativo dos conflitos socioambientais no país. Em contraste com a impotência da política institucional, há numerosos casos em que a resistência popular interrompeu projetos vinculados ao que se descreve nos países da região como “economía extractivista”, como os projetos mineradores em Tambogrande e Conga, ou a hidroelétrica de Inambari. Dentre os conflitos socioambientais registrados, 64% estão relacionados à mineração e alguns envolvem um alto grau de violência: entre 2006 e 2011 contabilizaram‐se 195 mortos em conflitos sociais, além de 2 312 feridos entre civis e policiais, configurando o número mais alto do continente no período. O episódio mais letal foi o chamado massacre de Bagua em 2009, quando contabilizaram‐se 34 mortos dentre os quais 24 policiais e 10 indígenas na resistência a um dos maiores projetos auríferos da atualidade. Apesar da arrojada resistência popular a projetos de impacto socioambiental diverso, que gravitam entre o desalojamento e a exaustão hídrica, passando por diversos níveis de contaminação ambiental, não houve qualquer mudança palpável nos meios e fins da política estatal desde Fujimori. No mesmo ano do massacre de Bagua, o ministro da economia anunciava que estariam sujeitos a multas e processos os funcionários públicos que retardassem o prazo de cem dias para a confecção de Estudos de Impacto Ambientais, exigência prévia à aprovação de projetos mineiros. Neste cenário, a percepção desenvolvida por quem resiste ao processo é de que a expansão mineira envolve um esforço contínuo mas de intensidade intermitente, o que significa que projetos parados voltarão no futuro, com estratégias refinadas de convencimento ou imposição de seus interesses.